Tuesday, February 22, 2005

Bon jour, tristesse

Devo dizer que nunca fui de ouvir muita rádio. Parece-me perda de tempo.

É impressionante como os melhores discos do ano passado foram olimpicamente ignorados pelas estações de rádio da Madeira. Das listas de melhores discos do ano passado que vi em algumas publicações (virtuais e em papel), só me lembro de ter ouvido na rádio uma ou outra música dos Franz Ferdinand e The Streets.

E isto não é de agora. Desde que comecei a me interessar por música, a rádio nunca me serviu de apoio para saciar a minha curiosidade em relação a bons grupos emergentes.

As excepções que conheço são os programas "Grande Sofá" e "Noites de Vigília", os dois na Antena 3, que, estes sim, passam música actual, embora estejam limitados a géneros parecidos (Chill Out e Lounge, principalmente). Já não é mau, mas podia ser muito melhor.

Onde anda o rock, o jazz, a música electrónica e mesmo o Hiphop (do qual não sou grande fã, mas há quem goste muito, e é o género musical que mais cresceu nestes últimos anos (dez?) nos EUA, UK e grande parte do resto do mundo). Na música clássica não me meto, pois é muito raro sintonizar a Antena 2, mas que las hai, hai, só não sei em que parâmetros. A chamada música global (ou étnica, como preferirem), parece que tem um bastião, também na Antena 3, mas não sei o nome do programa.

A música que passa na rádio, é de dois tipos: ou são os últimos êxitos (de há dois anos para cá) dos cantores ou cantoras da moda (Britney Spears, Madonna, et al) ou então é música que já tem, pelo menos, 5 anos (sendo que uma boa parte já vai nos 30!!!). Numa altura em que por todo o mundo se faz música bastante boa, não se compreende como é que as rádios da Madeira continuam a insistir com Supertramp, Pink Floyd e outros do mesmo género, quase todos os dias. Não é que estes grupos tenham feito música má, é que há programas específicos para eles ("Pérolas Perdidas", por exemplo), de maneira que não havia necessidade de estes ainda ocuparem o resto do tempo de antena.



np: "Radio Ass Kiss", The Wonder Stuff

Friday, February 18, 2005

Fiquei retido no Porto Santo e tudo o que ganhei foram alguns grãos de areia

O fim de semana passado resolvi ir ao Porto Santo. Era fácil: ia no Sábado (já que na Sexta-feira só havia viagem à noite, o que implicaria ter que pagar uma noite no hotel sem proveito) e vinha para cá na Segunda-feira, à tarde.



Ora, passou-se o fim de semana, e... tudo bem. Sábado, não aconteceu nada. Domingo, a mesma coisa. Chegou a Segunda e... o barco, o "Lobo Marinho" não saiu do Funchal, devido a "condições atmosféricas adversas". Olha, ficámos retidos no Porto-Santo. Ainda por cima, na Terça-feira, os gajos estavam de folga e não faziam viagens. E quem se lixa é o mexilhão.

Quando soube da notícia, fiquei chateado, confesso. Já não havia nada para fazer lá, nem para ver (não é que houvesse muito antes de irmos, mas pronto). Ainda por cima, estava a chover - bastante. Mas depois conformei-me (também, não havia muito mais a fazer).

Felizmente, o tempo melhorou e, por incrível que pareça, o tempo até passou rápido.




E agora, vamos aos prémios:

Prémio "Melhores Tremoços": O Calhetas.
O ano passado, teria atribuído este prémio a'O Girassol, mas este ano, os deste bar estavam um pouco rijos e salgados. Os do João do Cabeço também não estavam maus, mas foi n'O Calhetas que passámos vergonhas a pedir vários pratinhos de tremoços quando ainda íamos na primeira cerveja.

Prémio "Melhor Sandoca": sandes de espada no bolo do caco d'O Calhetas.
É, sem dúvida, a melhor sandes que se pode comer no PXO. No entanto, houve um facto curioso, observado in loco, que era: as únicas coisas com que se podia contar que estivessem na sandes eram o bolo do caco, a manteiga de alho e o filete de espada. A alface, o tomate e a fatia de cebola, ora vinham, ora não vinham. Não fazia mal; mesmo assim, deixava as sandes do João do Cabeço a quilómetros de distância (uns 3 ou 4).

Prémio "Melhor Cafézóide": o café do edifício do Centro de Artesanato (não sei o nome).
Este prémio é atribuído, não só pela bebida em si, mas pelo espaço em que é tomada. Um espaço bastante agradável, cujo interior lembra alguns dos melhores cafés do Porto e resto do Continente, com as paredes que dão para o mar em vidro. A música ambiente também é boa.
Nota curiosa: Tanto quanto sei, "cafézóide" é a única palavra portuguesa (pós-"acordo ortográfico") com dois acentos.

Wednesday, February 09, 2005

Irmãos e Irmãs, escutai! Eu celebrei o CARNAVAL!

Pois é, vesti-me mesmo de vampyr. Não queria, não queria, mas acabei indo.



Provavelmente, a última coisa de que me teria lembrado de pôr na "Lista de coisas para fazer este ano", era sair na segunda-feira de Carnaval e, para tornar as coisas piores, mascarado de vampiro (ou de outra coisa qualquer).

A minha aversão a este tipo de comportamento já vem de longe, se bem me lembro. Não sei exactamente quando, mas houve um ano de transição qualquer na minha adolescência, que passou a encarar o Carnaval de uma forma diferente, deixei de ficar ansioso por usar máscaras e roupas de super-heróis e outros tipos de personagens, para ficar ansioso para que a época passasse sem que nenhum dos meus amigos se lembrasse que nos poderíamos mascarar esse ano, que seria porreiro, que seria diferente, etc.

Pensando bem, nestes últimos anos, o Carnaval nem deve ter sentido a minha falta, e se alguém ficou a perder, devo ter sido eu (ou talvez não).

Acabei por me vestir, pintaram-me a cara, saímos, fomos a um bar e a uma discoteca, e acabou por ser uma noite porreira e divertida.

Sunday, February 06, 2005

Próxima Paragem: Moscovo

Planos para a próxima viagem de médio/longo curso: Moscovo e São Petersburgo.

Não sei bem porquê, mas desde pequeno, a Rússia e o seu povo sempre me fascinaram. Talvez por o meu pai ter lá estado, de férias, quando eu tinha 5 anos, ou talvez ele mesmo tivesse esse fascínio (não sei se tinha) e mo tivesse transmitido, inconscientemente. O que é certo é que, em pequeno, quando havia discussões entre mim e os meus vizinhos sobre qual a nação mais poderosa e avançada do mundo (isto na altura da guerra fria), a minha posição era sempre claramente definida como uma firme apoiante da causa da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (baseado em quê, não me lembro).



Já tenho os fiáveis guias Lonely Planet para essas duas cidades com o seu quê de exótico, e ontem comecei a ler o de Moscovo, começando pelo princípio, ie a história da cidade.

Segundo o guia, a cidade foi fundada na aurora do milénio passado, no séc. XII, embora o Kremlin (ou uma versão preliminar deste) tenha sido construído no século anterior. Uma cidade rica em história, portanto, se bem que uma grande parte tenha sido obliterada como parte da herança comunista que, entre outras coisas, não hesitou em demolir marcos históricos, no seu "avanço" em direcção a uma capital do proletariado. Entre os monumentos demolidos nessa época contam-se o "Arco do Triunfo", mandado erigir por Pedro, o Grande, em comemoração da vitória sobre o exército de Napoleão e, ironicamente, tomando como exemplo o próprio "Arco do Triunfo" dos Campos Elísios (entretanto, este monumento foi restaurado e reconstruído) e a maior torre da cidade, com 90 metros de altura, também mandada erigir por Pedro, o Grande.

Ao ler sobre Moscovo, fico com a impressão que a história desta cidade espelha a história do povo que a construiu e que nela vive, tendo sido, como foi, por vezes completamente devastada por tiranos despóticos e povos invasores sem escrúpulos, mas conseguindo sempre se reconstruir e recompôr.



I get knocked down

But I get up again

You're never gonna keep me down


Saturday, February 05, 2005

Update fever

Pois, eu sei, eu sei.



Manter um blog dá cá uma canseira...



A verdade é que tenho andado a pensar em maneiras de formatar o blog e, como era de esperar, não tenho feito nada.






Ando a ler:



The Sands Of Mars, de Arthur C. Clarke. Acho que é o primeiro romance deste grand master da Ficção Científica, e... nota-se. Ainda vou no primeiro terço do livro, mas parece mesmo uma primeira tentativa para escrever um romance em que o autor decidiu play it safe, ie, não há rasgos de criatividade, não há brincadeiras de experimentalismos. Até agora tem sido um pouco morno, mas não mau. Mas ainda é cedo. Vou esperar para ver.



ceci n'est pas un pipe



O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu, de Oliver Sacks. O autor é neurologista e, é provavelmente mais conhecido por ter escrito o livro Awakenings que deu origem ao filme com o mesmo nome e que contava com as interpretações de Robin Williams e Robert De Niro (um filme que não vi). Segundo me parece, esse livro era baseado em casos reais de pacientes com problemas neurológicos, e este também trata do mesmo assunto. O que será que nos faz humanos?






Ando a folhear:



The Rough Guide to Jazz, de Ian Carr, et al, 3ª edição. Entre todos os guias enciclopédicos sobre jazz, decidi escolher este, não me lembro porquê. Não estou arrependido, mas ainda vou a tempo. De qualquer maneira, tenho aprendido algumas coisas.






Tenho ouvido no carro:



Milk Man, dos Deerhoof. Um disco bastante agradável, com influências no-wave, mas com um nível baixo de agressividade.



Blueberry Boat, dos irmãos The Fiery Furnaces. Um disco um pouco barroco na sua obsessão por pormenores, que chega a lembrar (por isso mesmo) o Lil' Beethoven dos Sparks. Um disco que ouve-se bem, pelo menos por enquanto.



Sung Tongs, dos Animal Collective. Muito bom. Ao ouvir este disco, fico com a impressão que foi gravado por um grupo de lunáticos, enquanto estavam a acampar.



Funeral, dos The Arcade Fire. Às vezes faz-me lembrar Pixies, às vezes faz-me lembrar David Bowie, ponho sempre o volume alto quando está a tocar. Tem algumas canções muito boas, outras nem tanto. Mas as boas fazem valer a pena.





Frank, de Amy Winehouse. Parece que a piquena é ligeiramente precoce (acho que tinha 18 anos quando gravou isto). No geral é um disco "jazz vocal" com as melhores influências das chamadas "novas tendências". Gosto principalmente das primeiras 2 músicas.





When Did You Leave Heaven, de Lisa Ekdahl. Jazz vocal clássico, mas frio - a voz que veio do frio do Norte?

Lisa Ekdahl interpreta alguns standards de jazz com uma postura delicada e uma voz, por vezes, ameninada. Destacam-se os temas "My Heart Belongs To Daddy", "It's Oh So Quiet" e "You're Gonna See A Lot Of Me", em que a sua interpretação é, a meu ver, simplesmente perfeita.